Não há conhecimento sem emoção e nem emoção sem conhecimento.
Gestar o conhecimento / emoção deveria partir desse pressuposto: O poder criativo e destrutivo do conhecimento / emoção e, a partir daí, buscar usar esse poder como instrumento de promoção de cidadania.
As imagens, ou as visões que criamos, são muito significativas e determinantes para a subjetividade da realidade, e consequentemente para a cognição de nós mesmos e da caverna em que sobrevivemos. Se acreditamos que tudo é fantasia, certo é que acreditar no milagre faz bem ao corpo e a alma. Se o corpo precisa de pão, a alma precisa de beleza. Não queremos apenas uma fantasia milagrosa, mas, acima de tudo, uma fantasia que seja bela, que nos alimente a alma.
O livro de Eneida é assim, meio prosa meio poesia.
Se como quer Rubem Alves, o trabalho de um professor cozinheiro é o de preparar receitas, é no mundo das representações que estas receitas habitam, como livros mágicos, passados de mães para filhas, de mestres da arte culinária ciumentos de seus talentos para discípulos ansiosos por sabedoria.
Assim como viver, navegar também não é preciso. Ainda que existam as estrelas e as bússolas, o desejo do navegador será sempre algo misterioso.
Se os deuses do Olimpo contentavam-se com a Ambrósia e o Néctar, nós, meros humanos, desejamos mais, desejamos a variedade, a surpresa, um prato sempre novo, diferente.
Para o escultor Michelangelo “Tudo está dentro da pedra. Só raspamosa as saliências necessárias”. Se uma boa refeição demanda as mãos de um artista, é preciso outro artista para saborear, para qualificar sua obra. Uma cultura que faz do tempo seu inimigo não pode se beneficiar das obras de arte. Obras de arte exigem atenção, vagar.
Não somos estátuas de sal. Somos ventania. Estamos em um contínuo processo de devir a ser, realizar a obra prima, encontrar a pedra filosofal, o ouro precioso buscado pelos alquimistas. Esta obra de que falo somos nós mesmos.
Empreender a grande viagem em direção ao self é empreender-se.
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